
Embora a temática das redes sociais digitais seja complexa e se desdobre noutros conceitos próprios das ciências sociais achamos pertinente fazer uma abordagem mais direcionada aos objetivos funcionais deste projeto.
Neste sentido, podemos identificar elementos, com dinâmicas próprias, e característicos que convém abordar para que se entenda melhor a forma como funcionam as redes sociais, tais como: nós, laços (fortes, fracos, latentes), reciprocidade, centralidade, individualismo e pontes. Muitos deles estão representados na seguinte figura.
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Representação de uma rede |
Nós
Os «nós» são as pessoas envolvidas numa rede. Também são designadas por atores ou nódulos e, numa rede social digital, podem ser os nossos perfis. Ou seja, no Facebook, por exemplo, os nós são os nossos próprios perfis, os dos nossos amigos e todas as outras pessoas às quais não estamos ainda ligados, assim como as organizações que também lá têm uma página.
Por exemplo, na Figura 1.1, o nó “A” ver é um nó, assim como todos os símbolos identificados com uma letra.
Cada um destes Nós atua de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais. Através da sua interação expressam elementos e características de sua personalidade ou individualidade. Assim, perfis como os do Facebook dão-nos “pistas de um «eu» que poderá ser percebido pelos demais. São construções plurais de um sujeito, representando múltiplas facetas de sua identidade” (Recuero, 2009, p. 30). A nossa presença nas redes sociais e a utilização que delas fazemos são um processo de permanente construção e expressão da nossa identidade.
Laços sociais
Em termos gerais os Laços Sociais são as ligações, ou relações, que se estabelecem entre os nós de uma rede através das interações sociais que são estabelecidas.
Estes laços podem ser analisados quando à sua força. Segundo Granovetter(1973), “a força de um laço é uma combinação (provavelmente linear) da quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (confiança mútua) e serviços recíprocos que caracterizam um laço” (p. 1361).
Por exemplo, na Figura 1.1 podemos verificar que todos os nós estão ligados por uma linha que representa os laços.
O cofundador e presidente do Linkedin (1), Reil Hoffman, aconselha-nos a alimentar e a cuidar dos nossos laços sociais para eles crescerem. Se os negligenciarmos eles morem porque “as relações [laços] são organismos vivos” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 116).
As novas plataformas de redes sociais, como por exemplo o Facebook, proporcionam uma grande flexibilidade na manutenção e criação de laços sociais, uma vez que permitem que estejam dispersos, tanto geográfica como temporalmente. Isso quer dizer que as redes sociais digitais permitem às pessoas formas de manter laços sociais mesmo separa-das a grandes distâncias.
Estes laços são fortes ou fracos de “acordo com o grau de intimidade, sua persistência no tempo e quantidade de recursos trocada” (Recuero, 2009, p. 43) e nem sempre são fáceis de serem percebidos nas redes sociais digitais, mas a sua importância justifica que dediquemos algumas linhas a analisa-los.
Laços fortes
Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma ligação entre duas pessoas (Recuero, 2009, p. 41). Assim, ligações fortes implicam que as pessoas que as formam são parecidas, não existindo uma grande variedade de informação. Segundo Rheingold(2012), em redes altamente agrupadas e onde a afinidade entre os membros é muito alta todos recebem as mesmas noticias, partilham as mesmas opiniões e procuram a mesma informação. Por um lado, isto é uma vantagem porque iremos aceder à informação que nos interessa, mas, por outro lado, também pode ser desvantajoso dado que podemos estar sempre a visualizar mesmo tipo de informação, sem diversidade.
Estes laços são importantes para obtermos “novas informações valiosas e confidenciais para a obtenção, junto dos outros, de favores que deles não envolvem esforço e empenho” (Lopes & Cunha, 2011, p. 65). Para quem procura emprego é fundamental ter este tipo de laços, por exemplo, para conseguir marcar uma entrevista com determinado dire-tor de recursos humanos, para descobrir qual o contacto mais indicado para enviar o currículo, para saber o nome da pessoa que irá decidir a contratação, etc.
Laços Fracos
Os laços fracos caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade, um pouco em oposição aos laços fortes. São “constituídos pelas interações mais pontuais e superficiais, enquanto os fortes, pelas relações de amizade e intimidade” (Recuero, 2009, p. 62).
Eles são importantes para a estruturação das redes sociais, embora não pareça numa análise mais superficial. Rheingold (2012) defende que são os laços fracos que estabelecem a ligação entre grupos, constituídos de laços fortes entre si. Sem eles os grandes grupos (clusters, segundo o mesmo autor) seriam ilhas isoladas, e não funcionariam co-mo verdadeiras redes, não tendo possibilidade de se ampliarem.
O título “A força dos laços fracos” , que Granovetter (1973) escolheu para o seu artigo, parece, por si só, apontar a grande importância dos laços fracos. Este Investigador descobriu que as ligações fracas podem ser importantes na procura de nova informação. Po-dem ser muito uteis para “acedermos a resolver problemas quando precisamos de in-formações que, para os outros, são triviais e que envolvem pouco esforço por parte destes para nos ajudar” (Lopes & Cunha, 2011, p. 65). Por exemplo, demonstrou que seriam muito úteis para alguém que procura trabalho ter muitas ligações fracas. Neste caso, é importante possuir uma grande e diversificada rede de ligações fracas pois podem partilhar, sem grande esforço, oportunidades de emprego. Caso não tenhamos estas ligações não teríamos acesso a estas publicações que, para quem procura emprego, podem ser vitais.
Laços latentes
Assim, além dos laços fortes e fracos, também existem os laços latentes (ou ausentes). Granovetter (1973) sublinhou a importância dos laços ausentes, referindo-as como ligações que já existiram na nossa vida e com as quais perdemos contacto. Podem ser os nos-sos antigos vizinhos, colegas da escola ou de trabalho, que no passado assumiram um papel importante na nossa vida passada, mas que a nossa história de vida provocou um afastamento, provavelmente porque mudamos de cidade, de escola ou de trabalho.
Por sua vez, Haythornthwaite (2002 ) observa que um laço latente é um laço para o qual uma ligação está tecnicamente disponível, mas que não foi ativado por uma interação social. Assim têm “potencialidades para se converterem em laços fracos e depois, talvez, tornarem-se laços fortes” .
Agora o Facebook, como o melhor exemplo das atuais redes sociais digitais” torna possí-vel manter os laços latentes com pouco custo” pelo que os especialistas dão cada vez mais importância à manutenção destes laços para que a qualquer momento, quando necessitarmos, podermos ativá-los.
Graus de separação
A análise de redes sociais usa a “terminologia de «graus de separação» para se referir a indivíduos que se encontram dentro da nossa rede social” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 107) e que nos separam de outros. Por exemplo, no Facebook estamos separados por 1 grau dos nossos amigos e em 2 graus dos amigos dos nossos amigos (aos quais não esta-mos ligados).
Um estudo, conhecido por “Seis graus de separação” , demonstrou que existem 6 pessoas, em média, a separar uma pessoa de qualquer outra em todo o planeta. São 6 graus de separação, ou seja, existe apenas “uma pequena cadeia de [ligações] entre duas pessoas quaisquer”. (Recuero, 2009, p. 61).
Estes “6 graus” são uma teoria curiosa, mas de difícil aplicação no nosso dia-a-dia quando procuramos pessoas que nos possam ajudar. Para alguns autores, o ideal seria até os 3 graus de separação, considerado como um “número mágico” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 110). Portanto, quando necessitamos de ajuda, de alguém exterior à nossa rede, será produtivo contar com os amigos dos nossos amigos (2 graus) ou com os amigos destes últimos (3 graus).
(1) O Linkedin é uma rede social com objetivos profissionais com a missão de “ligar os profissionais (…) para estes se tornarem mais produtivos e bem-sucedidos” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 21).
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Os «nós» são as pessoas envolvidas numa rede. Também são designadas por atores ou nódulos e, numa rede social digital, podem ser os nossos perfis. Ou seja, no Facebook, por exemplo, os nós são os nossos próprios perfis, os dos nossos amigos e todas as outras pessoas às quais não estamos ainda ligados, assim como as organizações que também lá têm uma página.
Por exemplo, na Figura 1.1, o nó “A” ver é um nó, assim como todos os símbolos identificados com uma letra.
Cada um destes Nós atua de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais. Através da sua interação expressam elementos e características de sua personalidade ou individualidade. Assim, perfis como os do Facebook dão-nos “pistas de um «eu» que poderá ser percebido pelos demais. São construções plurais de um sujeito, representando múltiplas facetas de sua identidade” (Recuero, 2009, p. 30). A nossa presença nas redes sociais e a utilização que delas fazemos são um processo de permanente construção e expressão da nossa identidade.
Laços sociais
Em termos gerais os Laços Sociais são as ligações, ou relações, que se estabelecem entre os nós de uma rede através das interações sociais que são estabelecidas.
Estes laços podem ser analisados quando à sua força. Segundo Granovetter(1973), “a força de um laço é uma combinação (provavelmente linear) da quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (confiança mútua) e serviços recíprocos que caracterizam um laço” (p. 1361).
Por exemplo, na Figura 1.1 podemos verificar que todos os nós estão ligados por uma linha que representa os laços.
O cofundador e presidente do Linkedin (1), Reil Hoffman, aconselha-nos a alimentar e a cuidar dos nossos laços sociais para eles crescerem. Se os negligenciarmos eles morem porque “as relações [laços] são organismos vivos” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 116).
As novas plataformas de redes sociais, como por exemplo o Facebook, proporcionam uma grande flexibilidade na manutenção e criação de laços sociais, uma vez que permitem que estejam dispersos, tanto geográfica como temporalmente. Isso quer dizer que as redes sociais digitais permitem às pessoas formas de manter laços sociais mesmo separa-das a grandes distâncias.
Estes laços são fortes ou fracos de “acordo com o grau de intimidade, sua persistência no tempo e quantidade de recursos trocada” (Recuero, 2009, p. 43) e nem sempre são fáceis de serem percebidos nas redes sociais digitais, mas a sua importância justifica que dediquemos algumas linhas a analisa-los.
Laços fortes
Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma ligação entre duas pessoas (Recuero, 2009, p. 41). Assim, ligações fortes implicam que as pessoas que as formam são parecidas, não existindo uma grande variedade de informação. Segundo Rheingold(2012), em redes altamente agrupadas e onde a afinidade entre os membros é muito alta todos recebem as mesmas noticias, partilham as mesmas opiniões e procuram a mesma informação. Por um lado, isto é uma vantagem porque iremos aceder à informação que nos interessa, mas, por outro lado, também pode ser desvantajoso dado que podemos estar sempre a visualizar mesmo tipo de informação, sem diversidade.
Estes laços são importantes para obtermos “novas informações valiosas e confidenciais para a obtenção, junto dos outros, de favores que deles não envolvem esforço e empenho” (Lopes & Cunha, 2011, p. 65). Para quem procura emprego é fundamental ter este tipo de laços, por exemplo, para conseguir marcar uma entrevista com determinado dire-tor de recursos humanos, para descobrir qual o contacto mais indicado para enviar o currículo, para saber o nome da pessoa que irá decidir a contratação, etc.
Laços Fracos
Os laços fracos caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade, um pouco em oposição aos laços fortes. São “constituídos pelas interações mais pontuais e superficiais, enquanto os fortes, pelas relações de amizade e intimidade” (Recuero, 2009, p. 62).
Eles são importantes para a estruturação das redes sociais, embora não pareça numa análise mais superficial. Rheingold (2012) defende que são os laços fracos que estabelecem a ligação entre grupos, constituídos de laços fortes entre si. Sem eles os grandes grupos (clusters, segundo o mesmo autor) seriam ilhas isoladas, e não funcionariam co-mo verdadeiras redes, não tendo possibilidade de se ampliarem.
O título “A força dos laços fracos” , que Granovetter (1973) escolheu para o seu artigo, parece, por si só, apontar a grande importância dos laços fracos. Este Investigador descobriu que as ligações fracas podem ser importantes na procura de nova informação. Po-dem ser muito uteis para “acedermos a resolver problemas quando precisamos de in-formações que, para os outros, são triviais e que envolvem pouco esforço por parte destes para nos ajudar” (Lopes & Cunha, 2011, p. 65). Por exemplo, demonstrou que seriam muito úteis para alguém que procura trabalho ter muitas ligações fracas. Neste caso, é importante possuir uma grande e diversificada rede de ligações fracas pois podem partilhar, sem grande esforço, oportunidades de emprego. Caso não tenhamos estas ligações não teríamos acesso a estas publicações que, para quem procura emprego, podem ser vitais.
Laços latentes
Assim, além dos laços fortes e fracos, também existem os laços latentes (ou ausentes). Granovetter (1973) sublinhou a importância dos laços ausentes, referindo-as como ligações que já existiram na nossa vida e com as quais perdemos contacto. Podem ser os nos-sos antigos vizinhos, colegas da escola ou de trabalho, que no passado assumiram um papel importante na nossa vida passada, mas que a nossa história de vida provocou um afastamento, provavelmente porque mudamos de cidade, de escola ou de trabalho.
Por sua vez, Haythornthwaite (2002 ) observa que um laço latente é um laço para o qual uma ligação está tecnicamente disponível, mas que não foi ativado por uma interação social. Assim têm “potencialidades para se converterem em laços fracos e depois, talvez, tornarem-se laços fortes” .
Agora o Facebook, como o melhor exemplo das atuais redes sociais digitais” torna possí-vel manter os laços latentes com pouco custo” pelo que os especialistas dão cada vez mais importância à manutenção destes laços para que a qualquer momento, quando necessitarmos, podermos ativá-los.
Graus de separação
A análise de redes sociais usa a “terminologia de «graus de separação» para se referir a indivíduos que se encontram dentro da nossa rede social” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 107) e que nos separam de outros. Por exemplo, no Facebook estamos separados por 1 grau dos nossos amigos e em 2 graus dos amigos dos nossos amigos (aos quais não esta-mos ligados).
Um estudo, conhecido por “Seis graus de separação” , demonstrou que existem 6 pessoas, em média, a separar uma pessoa de qualquer outra em todo o planeta. São 6 graus de separação, ou seja, existe apenas “uma pequena cadeia de [ligações] entre duas pessoas quaisquer”. (Recuero, 2009, p. 61).
Estes “6 graus” são uma teoria curiosa, mas de difícil aplicação no nosso dia-a-dia quando procuramos pessoas que nos possam ajudar. Para alguns autores, o ideal seria até os 3 graus de separação, considerado como um “número mágico” (Hoffman & Casnocha, 2014, p. 110). Portanto, quando necessitamos de ajuda, de alguém exterior à nossa rede, será produtivo contar com os amigos dos nossos amigos (2 graus) ou com os amigos destes últimos (3 graus).
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